quarta-feira, 4 de maio de 2011

Às mães vacas

Sim, elas existem e são vacas. Todas, ou boa parte delas são vacas. A minha mãe é vaca. A minha sogra é uma mãe vaca. E espero do fundo do coração que a tua também seja. Minhas tias são mães vacas. A minha vó também foi e é, mãe vaca.
E é a coisa mais linda ver o cuidado dessas mães com suas crias. A mãe vaca lambe, lambe e lambe. E lambendo vai aconselhando, orientando, puxando a orelha e dando uma palmada.
Lambendo, conta de novo suas preocupações com os filhos das amigas, com seus comportamentos estranhos, com os perigos das esquinas, das drogas, da AIDS, dos bandidos, dos seqüestros, dos acidentes de trânsito.
Ainda tem os ‘boa noite cinderela’, as boletas nas bebidas, as brigas nos fins das festas. E assim a baba da mãe vaca vai escorrendo em nossos ouvidos como meras preocupações de mães que assistem noticiários sensacionalistas, que escutam no rádio filhos de amigos sendo assassinados, que lêem no jornal o número assustador de mortes no trânsito.
Tenho orgulho de contar. Minha mãe é uma vaca! Ela me lambe, me protege, faz eu me sentir sua cria de verdade. Danem-se suas trezentas ligações por dia para saber como estamos. Danem-se as vergonhas passadas na frente do namorado quando começam a relatar fatos que queremos esquecer. Dane-se tudo o que um dia já recriminamos.
Mãe é um ser de Deus, abençoado. E abençoado seja quem tem, já teve ou ainda terá a sua mãezinha por perto. Tenho amigos que não tem mãe, mas tem um paizão-mãe. Outros, tem uma vó-mãe, tia-mãe, irmão-mãe. E tem aqueles ainda, que são sua própria mãe.
A todas as mães que lutam pelos filhos. A todas as mães vacas que os protegem. Que ainda rezam toda noite pedindo proteção. A todas as mães que pegam na mão de seu filho na hora de dormir e rezam o Anjo da Guarda. A todas as mães que não fazem isso, mas que zelam por eles. Aquelas mães que são chatas, grudentas, ciumentas, estabanadas, um pouco desleixadas.
Aquelas mães que olham por seus filhos lá do céu. Aquelas mães que viram seus filhos partirem antes delas. Aquelas mães que vendem biscoito na rua prá pagar o estudo pros filhos. Aquelas queridas mães que viram seus móveis sendo comercializados, mas lutaram para salvar seus filhos. Aquelas mães que chegam em casa quando os filhos já estão dormindo. Aquelas mães que deixam seus sonhos de lado para realizar o de seus filhos. Aquelas mães adolescentes que sentiram a dor do parto quando deveriam ainda estar brincando com as colegas. Aquelas mães que queriam tanto dizer um eu te amo, mas não conseguem. Aquelas que dizem, abraçam e choram quando preciso.
E ainda aquelas mães que não dormem até escutarem o barulho da porta abrindo às 6 horas da manhã. Parabéns!
Orgulhem-se de si. Orgulhem-se da família que construíram. Orgulhem-se por terem tido a coragem de assumir seu filho num Brasil onde os lixeiros servem de manjedouras.
Que essas mães vacas nos lambam e nos protejam. Que continuem dando furadas, fazendo a gente pagar alguns micos. Que continuem sendo abençoadas, porque enquanto existir uma mãe vaca por perto, todo caminho é mais iluminado e cheio de graça.